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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

corte



















e quando alcancei a ira
incendiei, sem pensar bem
no que poderia ser
sem ponderar nada

disse-me de grão em grão
as palavras secas
ainda demoram passar
pela goela
mas o papo não está cheio
e temos fome

sorriu enquanto os carros corriam
seu falo não foi nada sutil
ao pousar em minha boca
e insistia como refrão desenganado
engasgado

foi só uma vez, foram milhares de vezes
e ainda me rasga e ainda me corta

poderia contar das jaquetas vermelhas
das janelas azuis, das bitolas de construção

poderia dizer pudica se nossa relação
não fosse pública, se não derriçássemos a noção

diga que o sonho de água limpa
é cimento e cola sobre essa degradação
não,não,não

é o ódio que lacera as vísceras
e somos apenas vítimas desse maldito
amor, amor , amor

e meu bem, eu já estou cansada
de explicar as velhas caixas de papelão
que guardo no sótão
e quero queimar esses pacotes todos
de escrita aflita
e meus olhos embotados
de amargo e lágrimas.

Um comentário:

NATURISMO AMAZONENSE disse...

Belo poema e linda foto. Parabéns aos artífices das obras. Aproveito para divulgar meu blog,que trata de temas como naturismo e meio ambiente. Jorge Bandeira
http://naturismoamazonense.blogspot.com