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quinta-feira, 17 de março de 2011

venha pelas minhas botas




estou tão perdida
ao despertar
caminha pelo veto
me cansei de esperas
e do morno grito
quando algo se desfaz

as flechas inimigas
só fazem derrubar
o que não tenho
e acreditam me atingir
se a faca das nuvens não afeta
possuídos impunes
quem sou eu para me rebelar?

venha pelo vivenciar cúmulos
pelo praguejar de deuses
não encontro textura dos beijos
nas desistências colecionadas
entre as meias finas furadas
e sem aspas o desespero inexiste

vê que estou aqui a salvo
mesmo que as harpas
toquem sinais de morte
isso é placebo para o veneno
rendez-vous para desavisados
festa aberta para doidivanas

é tanto e pouco na tortura
que no encolher do verso
a nervura reclama aflita
amai o tóxico como a ti
mesmo.

2 comentários:

Manoel Magalhães disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Manoel Magalhães disse...

Os poemas de Larissa remetem à geometria, que não pode ser vista nem medida pela literatura clássica. Acaso tivessem padrões repetidos poder-se-ia dizer tratar-se de fractais. Não é o caso, ainda que sejam luminosos como as curvas monstros. Em algo, porém, assemelham-se... Nos infinitos e desafiadores detalhes! Detalhes, aliás, dotados de sabores e consistências orgânicas, desafiando o parnaso, encontrando nas fotos de Sindri a sintonia perfeita. Poeta e fotógrafo, portanto, convidam o leitor a um jogo permeado pela estranheza. Larissa é da escola de uma Hilda Hilst, por exemplo. E isso não é pouco.