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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

canino


























mordedura revelada
sem ater-se à presa
ou à agonia
do olho dilacerado

quatro lâminas a se tocar
nas pontas afiadas saboreia
a devoção ao sangue
refestelada na língua

entrega-se aos recortes
miúdos e quase mudos
à dor alheia
à liberdade entre os dentes

e ao nocauteado resta a lona
os caninos cravados
na nervura da carne
do confete rubro no chão.


performer: Nayra Carvalho

2 comentários:

Miguel Jacó disse...

Boa noite Larissa, quem exerce o mando se apodera de toda a pompa, e não deixa por menos, após sangrar a jugular da vitima o predador se enobrece em meio ao seu gigantismo. Belo poema. Parabéns. MJ.

Cristina Jordano disse...

De todo modo, estonteante... Seja lá como fôr! Excelente poema!