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terça-feira, 25 de outubro de 2011

fino bordado


a trama complicada dos versos costurados em vão
cada pintura torpe pendurada na parede é um calo
e todas as frestas são lascivas até que provemos o contrário

a agulha atravessa o tecido sem rasgá-lo e ri
porque deixou sua linha como marca de que ali esteve
e não mais voltará

é estampa do tempo em pontos apertados em nós
finamente bordados e não por menos e não por mais
na medida exata dos silêncios afogados

a onda infinita da mão que borda e reborda
a ínfima textura do tempo que se desdobra
e ri do transitório, para não rir de nós


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