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terça-feira, 25 de outubro de 2011

escolhas




vejo agora o quanto somos fúteis
e como nos jogamos do sétimo andar
todos os dias que condenamos verdades
e permitimos o império da superficialidade
condenados à uma sordidez desnuda

remendei a meia fina que me rasgou
na noite passada e na agulha
coloquei todo o esgarço de meu peito
pelos sorrisos falsos que cedi
e pela ânsia mal fadada que tenho
enfim, ela não me servirá mais

estou duzentos dias mais pesada
trezentas horas mais recalcada
e trinta e sete tijolos mais protegida
as anáguas não me ferem mais
nem tão pouco essa imagem de marionete
que pinto no espelho antes de sair de casa
e já não tenho mais mãos
se não essas que só servem
para me salvar de mim mesma

quantos vestidos de sonhos perfeitos
bordados à mão
para serem usados em noites de porre
talvez me pergunte porque
tantas saias e sapatos
se acabaremos nus e bêbados
no tapete da sala
ou no banheiro de alguma festa

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